segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Cú Chulainn #1


O lago Lonugh Derg, na Irlanda, estava calmo e emanava beleza e tranquilidade. Uma velha senhora observava a tranquilidade do lago sentando em uma rocha esperando algo, um presente conquistado a poucos dias em um jogo mórbido. Do lago vagarosamente surgia um homem acorrentado em uma rocha, porém o homem mesmo desorientado conseguiu botar com grande força a pedra em suas costas e levar até a superfície. 
A pedra foi gentilmente colocado em terra firme, na vegetação esbelta e que morrera ao toque dos pés do grande homem. As correntes afrouxaram e o homem estava livre, se ajoelhando de olhar baixo para a vegetação morta.
- O que aconteceu? - perguntou o homem sutilmente e para si.
- Realmente deseja saber? - retrucou a velha que estava ao lado da pedra.
A velha senhora era esbelta para idade e levava algumas tatuagens cobertas por um manto vermelho e roxo, com cabelos longos e grisalhos caindo em uma franja desgrenhada no rosto. O homem não sabia o que responder, porém se ergueu imponente mostrando sua altura três vezes maior que a velha senhora. 
- Fui punido e estava morto. Isso é o que sei antes de afundar em uma caminhada eterna na escuridão. Vejo que cheguei no paraíso em um ar estranhamente familiar.
- Meu caro Cú Chulainn, você sim estava morto, mas não está mais. Sua alma pertence a mim.
Cú Chulainn exasperou extrema furria e tentou socar a velha. Rapidamente as correntes prenderam o homem milímetros do soco atingir a inexpressiva velha.
- O que te faz ter controle da minha alma, nem eu tenho e fui punido pelos meus crimes. Me liberte ou me mate. A alma de um homem morto não pode ser violada.
- Pode ser. E por favor, seus crimes são pequenos para que muitos fizeram depois de você, entretanto sua força e coragem maiores.
Cú Chulainn se acalmou e as correntes voltaram a se afrouxar.
- Então tenho uma segunda chance. Estou vivo... mas esse não é o mesmo mundo que conheci. Minha alma, como conseguiu ela? Onde estava todo este tempo? Diga-me velha patrona.
A velha ficou um pouco desconfortada flutuando e sentando sobre a grande rocha cheia de correntes. 
- Sua alma é muito valiosa no mundo dos mortos, por isso vagou por tanto tempo na escuridão. Os demônios não sabiam o que fazer com você. Isso foi bom para meus negócios. A cada 500 anos os demônios resolvem jogar pôquer com almas importantes. A sua era muito importante para mim, única na verdade. Ao fim ganhei deles é claro e tiveram que ceder você. Geralmente demônios jogam para escravos em seus terrenos mortos, mas eu estou viva e sou uma das poucas que tem contato e confiança desses seres.
- Pouco entendo do que falou velha. O que entendo é que estou em uma missão, certo? - a velha ficou quieta - o que devo fazer?
- Matar um demônio - sorriu encabulada a velha. 
Cú Chulainn demonstrou estranheza em um sorriso difícil depois de tantos anos amargurando a morte.
- Não olhe assim para mim, está me assustando - Nem todos os demônios são ruins, porém todos querem ser únicos. lideres. Eles não se importam muito com a morte de outros iguais, desde não mexa com o demônio errado.
- E se demônio errado seria o que devo matar.

- Sim - respondeu lenta e sorridentemente a velha bruxa.

Lunar #1


Duas moças correm desesperadas nas ruas escuras de Londres. Era noite e uma delas tinha sido baleada e sangrava muito. Ofegante a outra moça segurava a amiga entre alguns becos até chegar ao maldito destino, uma grande parede de tijolos sem nada além de uma lanterna iluminando a forma abobadada em relevo.
A garota então deixa à amiga sangrando encostada em uma lata de lixo e puxa um medalhão que logo conjura uma forte magia para transformar a parede em uma passagem limpa com vegetação, indo em direção de uma magnífica porta feita de carvalho.
As duas moças rapidamente passam pela passagem conjurada e vão ofegantes até a porta. Duas batidas foram suficientes para chamar o morador do recinto, uma bela mulher com cabelos longos e negros, pele clara coberto por diversas tatuagens roxas, alta e com roupas longas de uma maga experiente.
- O que diabos acha que está fazendo? – disse a maga ao acolher as garotas – Garota, eu disse para nunca trazer ninguém aqui?
- Ela foi baleada!
- Isso eu sei. Porque não levou para um pronto socorro.
- Por causa disso – a garota então mostrou um anel com uma grande esmeralda incrustada. A maga ficou perplexa e sentou-se na poltrona mais próxima.
– Como ela conseguiu?
- Não sei, mas quando vi o anel tentei ajudar. Dois caras armados a encurralaram e queriam o anel. Acho que eles não sabiam do que se tratavam.
- Acho que ela também não – disse a maga proclamando algum feitiço para amenizar a dor, enquanto pegava alguns ingredientes para uma poção que jogou goela abaixo da moça – Quem andaria com um dos anéis da Tabula Redonda sem saber com que está se metendo.
- Por favor, nem sempre o mundo conspira contra você
- Eu sei, mas nunca é coincidência essas coisas baterem na minha porta – Lunar parou por um instante colocando a mão na cansada testa – Preciso falar com alguém sobre isso. Cuide dela e quando estiverem prontas caiam fora daqui. O Rock ficará de olho em vocês. Não se esqueça da poção do esquecimento.
Lunar apontou para uma pequena estatua de barro e pedra com olhos azuis flamejantes e expressão carrancuda, encostada na parede observando a mulher ferida gemer lenta, mas constantemente. Aquele era Rock.
- Pode deixar tia.

- Nunca mais me chame assim – Lunar se direcionou a porta antes de voltar a falar – Dar um anel mágico a uma estranha sonsa e humana, isso não pode estar certo.

...

O restaurante tinha pouco movimento aquela hora do dia e os garçons conversavam entre si. O local era de alta classe para quem tinha dinheiro, muito dinheiro, ou magos que queriam passar despercebido. Nesse caso o mago era o velho com cabelos ralos e grisalhos, com uma barriga começando a se avantajar.
Lunar entrou com um vestido roxo e cobrindo todas as tatuagens com uma magia providencial. Ela não precisava chamar a atenção, sabendo que já era uma incógnita no mundo humano por sua magia. Logo ela se direcionou ao velho senhor e sentou na cadeira, impedindo que o garçom ajudasse com a cadeira.
- Quanto tempo Mago Haskel, vejo que não mudou nada.
- Gentileza sua. Estou cada vez mais gordo e meu metabolismo está pior para absorver essa magia rudimentar, a “alimentação” – Lunar deu um pequeno sorriso - Sente-se. O que trouxe para mim?
Lunar não exitou. Sentou tranquilamente, pegou uma taça de vinho e bebericou ao botar na mesa o anel com a esmeralda incrustada. O velho mago parou de comer drasticamente sem perder a compostura e pegou o anel na mão;
- Mas ele é falso! 
- É uma replica magica para analise, nunca iria trazer o verdadeiro comigo.
- E como conseguiu? Por que você está atrás desses amaldiçoados anéis?
- Não estou, bateram novamente com o anel na minha porta - disse Lunar descendo a taça de vinho. O velho sorriu.
- Alguém está brincando com você - disse o velho.
- Acho que não. Nem tudo é uma conspiração - Lunar sorriu lembrando da sobrinha - Mas se dois anéis surgiram em menos de uma década, algo está prestes a acontecer.
- Então me diga o que a senhorita quer com tudo isso - indagou o velho.
- Preciso de livros... livros da academia. 
- Ha - riu vagarosamente Haskel - A imprudente aluna expulsa da academia precisa estudar.
- Por favor Haskel, eu não conheço essa história tão bem quanto seus alunos, mas se esses anéis bateram na minha porta eu preciso estar preparada - Lunar suspirou sabendo que o que iria dizer era a frase certa para Haskel ajudar - Preciso estudar essa magia, preciso estudar essa história.

...

Rachel, a sobrinha de Lunar, se aproximou de Rock, a estatua, e gentilmente começou a fazer cafune na cabeça dele.
- Então Rock, conte mais sobre esses anéis. Eu não sou nenhuma bruxa e não sou tão inteligente quanto minha tia.
- Lunar não conhece essa história, logo eu também não - disse a voz grave de Rock.
- Mas tem haver com a tabula redonda.
- Não diretamente, mas sim com a história de Merlim - Rock corrigiu - Desconhece sua origem e qualquer informação preciso da autorização da minha mestre, afinal sou uma estatua, e estatuas não não podem ser torturadas - Rock abriu um sorriso torto de pedra.
Naquele momento a garota ferida acordava, Rachel correu para pegar a poção de esquecimento. A garota estava tonta e encostou a cabeça na poltrona e tocava a pequena cicatriz no local de onde fora baleada.
- Não se preocupe, você está bem - disse Rachel com o frasco em mãos.
- O que aconteceu? - perguntou a garota.
- Você... você foi esfaqueada - pensou rápido para justificar a cicatriz - Tome isso, irá ajudar com a dor.
- Mas ouvi barulho de tiros, não lembro de facas - disse a garota pegando o frasco - Isso não importa, estou onde deveria estar.
- Não entendi o... - Rachel foi surpreendida pela garota que lançou uma faca e fez ela de refém, colocando a lamina próximo da garganta dela. Rock saltou de onde estava e cercou a garota que tinha mudado o tom da cor dos olhos por um vermelho sangue forte.

- Onde estão os anéis?